13 de março de 2015

Escrever, escrever


Tenho saudades de que a tinta beije a folha de papel intacta, com odor a novo. Parece que tudo agora é rápido, veloz, sem sentimento, desprovido de pensamento. Canso-me de ver palavras banais e vãs em todo o lado para onde olho. Onde está a sinceridade e a capacidade de sonhar enquanto se pressionam as teclas. Parece que já ninguém sabe apreciar a sonoridade que saí quando os dedos deslizam pelo computador. Acho que é este o problema, já ninguém saber dar valor aos pequenos sons que nos podem encher a alma de paz e serenidade. Já ninguém ouve atentamente a chuva, fogem dela, fecham mil janelas, até a do próprio coração. Já ninguém lê o que os outros dizem com o devido cuidado ( e não quero ofender quem o faz, aliás saudo essas pessoas).
Tenho saudades de me sentar a uma secretária e fazer coisas que já raras as pessoas fazem: ouvir a melodia do mar dentro de mim e devorar as palavras com tanta ânsia, como se não o fizesse elas me fossem devorar a mim. E não me refiro a palavras específicas, refiro-me a gritar o que me vai no peito, a despejar todas as memórias, mesmo que o texto saia confuso. Afinal, para quem escrevemos senão para nós mesmos?

9 comentários :

  1. Adorei o texto ! Tão bonito e tão sincero...

    E o blogue está muito bonito ;)

    Beijinho*

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  2. Concordo tanto com o que aqui dizes querida e também sinto saudades não só da escrita mas de pintar também. E escrever gosto de o fazer no papel mas infelizmente há anos que me tiraram isso

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    1. r: eu usava a escrita para transpor os meus sentimentos mais profundos para o papel mas depois fui crescendo e percebendo que me mexiam nas gavetas e nas minhas coisas quando eu estava fora e deixei de conseguir escrever com o medo de que encontrassem os meus textos :s hoje sinto imensa falta de conseguir escrever no papel sem medo de que a minha privacidade seja violada, tenho até vários cadernos novinhos em folha e imensas ideias que gostava de colocar neles mas o medo... O medo de que alguém leia os meus pensamentos mais profundos contra minha vontade impede-me, não consigo mesmo escrever... Ás vezes até na minha agenda evito escrever certas coisas ou escrevo em «código» para que não percebam se a virem :(

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  3. Apreciamos cada vez menos as pequenas coisas da vida, quando, na verdade, são as mais maravilhosas.
    Adorei o texto!

    r: Também não me importava de saber, ainda que prefira a clássica :)

    Está mesmo!

    Independentemente do caminho e de quem está ao nosso lado, temos que nos conhecer a nós e nunca esconder a nossa verdadeira essência

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  4. Fizeste com que sentisse cada palavra aqui escrita e, tens toda a razão!

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  5. É sempre para nós que devemos escrever. O resto pouco importa!

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